Votem Abaixo | ||
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Em certa hora, o silencio...
O silencio dessas horas tais,
Eu, exausto e lendo...
Aqueles antigos poemas de sílabas
Fatais
Eu quase adormecendo,
De infinda fadiga, sonolento...
Olho à sombra...
Á sombra que me assombra,
Da meia noite que me amedronta
Como de quem bate a porta de mansinho,
O coração medroso a pulsar devagarinho...
Na penúltima estrofe daqueles versos tais,
Como um moribundo ante a morte sobre
Aquelas sombras funerais...
Estremeço! Lendo o ofício da última
Agonia,
Há um silencio que clama repouso,
Eu, ali, lia adormecendo pouco a pouco,
Quando de repente à porta, à porta...
Em três pancadas...
Já é alta madrugada
Quem será a essa hora?
Abro a porta devagarinho e digo
Essas palavras tais;
Queira me desculpar à demora
Entre e tragai comigo esse antigo vinho...
Ali já não estava mais sozinho
E minha alma que estremecia não
Estremecera mais...
De vestes pretas e de capa umbrosa
Era a morte...
Que naquela noite escura batia-me
A porta sem mais delongas...
Sem mais vacilo, minha negra sorte,
Lady, senhora da noite que me assombra...
Já que vens de tão longe,
Bater-me a porta a essas horas fatais
Dizei-me sem mais demora oque queres?
Oque aqui faz?
E ela diz com voz grave e sarcástica;
Vim atender tua dor e dos
Teus sonetos tais...
Vim suavizar-te o fardo e o teu pesar
Descontente...
Livrar-te do penar de repente,
E conceder-te a glória do sono
Da verdadeira paz!
Autoria: Lord késene